Se Mudando
O Se Mudando é um instituto que, desde 2021, utiliza da metodologia de Housing First (Moradia Primeiro), para ter impacto perene na vida de pessoas com trajetória de rua.
Partindo da ideia de que moradia é um direito básico que não deve ser negado a ninguém, “Abrindo Portas” nasceu como um programa para prover acesso imediato à moradia, auxílio financeiro e serviços de assistência. O serviço fornecido é individualizado e guiado pela pessoa assistida, com foco em integração social e comunitária. Assim, se pretende fornecer as condições e serviços necessários para que a pessoa consiga manter sua moradia de forma independente.
Introdução
Internamente, dividimos os casos em três etapas: abertura de caso, gestão de caso e fechamento de caso. Os primeiros passos de abertura de caso envolvem a escuta da história de vida da pessoa assistida, a explicação sobre a metodologia em que nos baseamos, o funcionamento do programa e por fim, a busca da moradia.
Iniciamos a gestão de caso assim que a pessoa assistida está em sua nova moradia. Portando, já realizamos seu cadastro, seu preenchimento de termos, uma verificação de pendências judiciais e sua primeira avaliação de impacto.
Gestão do Caso

Os primeiros encontros são essenciais para se estabelecer uma relação de confiança com a pessoa assistida. Tenha em mente que ela acabou de se mudar para uma nova casa, portanto a primeira visita deve ser a de organização da moradia. Quanto a compras de mercado, em um primeiro momento fazemos o acompanhamento da pessoa assistida para auxiliá-la a analisar o quanto de dinheiro eles tem e como gastá-lo (escolher prioridades).
Este é o momento também em que repassamos a visão do Instituto sobre drogadição, redução de danos e a metodologia Housing First. Assim, fortalecemos combinados e melhoramos o vínculo com a pessoa assistida, diferenciando nossa forma de trabalhar do viés tradicional. Também é importante relembrar que estamos ali para auxiliá-los, mas que toda a decisão e progresso no programa depende inteiramente deles.
Assim, iniciamos o processo contínuo de gestão de caso. Este consiste na realização de visitas periódicas em que aplicamos as ferramentas de gestão de caso e elaboramos objetivos com a pessoa assistida. São esses objetivos que se tornam planos de ação a serem acompanhados nas visitas. Também realizamos o acompanhamento em relação a uma busca de renda estável e gestão de despesas. Nos primeiros meses, fazemos visitas semanais, porém, no decorrer do andamento do caso, podemos combinar outra frequência com a pessoa assistida.
Documentação
É essencial redigir um relatório após cada visita para assegurar a documentação sobre o andamento do caso. Utilizamos este documento como base para as discussões sobre os casos e preenchido no seguinte modelo:

Utilizamos também duas ferramentas de gestão de caso. A primeira é o Quadro de Vulnerabilidades, para identificar os fatores de risco e de proteção da pessoa assistida. A segunda é o Ecomapa, para mapear a rede de apoio social da pessoa assistida.
É a partir destas ferramentas que conseguimos identificar as possíveis barreiras da pessoa assistida para conseguir manter a moradia e seus pontos fortes que podem ser trabalhados para se quebrar as barreiras identificadas. Objetivos são então traçados, necessariamente em conjunto com a pessoa assistida, a partir destas informações. Assim, podemos desdobrá-los em planos de ação para a própria pessoa e para a equipe. Sendo a equipe constituída pelo agente de acompanhamento e o gerente de caso.
Na prática, muitos dos planos de ação desdobrados dos objetivos envolvem conectarmos a pessoa assistida à informações e equipamentos da rede de assistência e saúde do município. Por exemplo, o CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas) e o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), por isso contamos com um levantamento de iniciativas feito sobre o município em que atuamos.
O levantamento leva em consideração legislações, direitos, benefícios, a rede de serviços públicos e iniciativas privadas ou voluntárias. Podemos ir consultando e o atualizando a cada caso.
A principal função da equipe é acolher as demandas, apoiar e criar as condições necessárias para que a pessoa assistida consiga enfrentar as questões identificadas como barreiras para manter sua moradia.
Qual é o objetivo final?
É importante lembrar que em programas baseados em Housing First, é fundamental não trabalhar com prazos e a lógica frustrante do processo repetitivo de renovação destes prazos. A informação de que o programa é permanente e que as pessoas poderão contar com aquele bem por tempo indeterminado tem um efeito psicológico de segurança imediato.
A gestão do caso é um processo contínuo e momentos de crise serão recorrentes. Assim, a equipe deve se fortalecer e ter momentos de discussão, estudo aprofundado dos casos e (re)elaboração das estratégias. Sempre tenha em vista a vontade da pessoa assistida e um claro processo de pactuação de acordos.
Consideramos como sucesso a pessoa se sentir pronta para voltar ao trabalho, fazer novos amigos e restabelecer relações familiares. Mas principalmente, consideramos como sucesso cada dia que a pessoa escolhe continuar em sua moradia.
O processo de fechamento de caso depende do sentimento de prontidão da pessoa assistida. O iniciamos a partir da análise de diversos indicadores, como renda, rede de apoio social e relação com o uso de substâncias.
Deixe um comentário